Os estudos com células tronco causam muitas discussões entre cientistas, pessoas com diversas crenças religiosas e políticos, que a legislação brasileira sobre pesquisas com células-tronco de embriões humanos, já aprovada no Congresso Nacional, permite o uso dessas células para qualquer fim. Mas a lei de Biossegurança aguarda aprovação na Câmara dos Deputados. E muita polêmica ainda pode surgir, já que a Igreja e outros grupos são contra a utilização de células-tronco embrionárias.
O que são células tronco?
De forma bem simplificada, células-tronco são células primitivas, produzidas durante o desenvolvimento do organismo e que dão origem a outros tipos de células. Existem vários tipos de células-tronco:
Totipotentes - podem produzir todas as células embrionárias e extra embrionárias;
Pluripotentes - podem produzir todos os tipos celulares do embrião;
Multipotentes - podem produzir células de várias linhagens;
Oligopotentes - podem produzir células dentro de uma única linhagem;
Unipotentes - produzem somente um único tipo celular maduro. As células embrionárias são consideradas pluripotentes porque uma célula pode contribuir para formação de todas as células e tecidos no organismo.
Para que servem as células-tronco?
Uma das principais aplicações é produzir células e tecidos para terapias medicinais. Atualmente, órgãos e tecidos doados são freqüentemente usados para repor aqueles que estão doentes ou destruídos. Infelizmente, o número de pessoas que necessitam de um transplante excede muito o número de órgãos disponíveis para transplante. E as células pluripotentes oferecem a possibilidade de uma fonte de reposição de células e tecidos para tratar um grande número de doenças incluindo o Mal de Parkinson, Alzheimer, traumatismo da medula espinhal, infarto, queimaduras, doenças do coração, diabetes, osteoartrite e artrite reumatóide.
Onde as células-tronco podem ser encontradas?
Em embriões recém-fecundados (blastocistos), criados por fertilização in vitro - aqueles que não serão utilizados no tratamento da infertilidade (chamados embriões disponíveis) ou criados especificamente para pesquisa; embriões recém-fecundados criados por inserção do núcleo celular de uma célula adulta em um óvulo que teve seu núcleo removido - reposição de núcleo celular (denominado clonagem); células germinativas ou órgãos de fetos abortados; células sanguíneas de cordão umbilical no momento do nascimento; alguns tecidos adultos (tais como a medula óssea) e células maduras de tecido adulto reprogramadas para ter comportamento de células-tronco.
Qual é a diferença entre célula-tronco embrionária e célula tronco adulta?
Célula-tronco embrionária (pluripotente) são células primitivas (indiferenciadas) de embrião que têm potencial para se tornarem uma variedade de tipos celulares especializados de qualquer órgão ou tecido do organismo. Já a célula-tronco adulta (multipotente) é uma célula indiferenciada encontrada em um tecido diferenciado, que pode renovar-se e (com certa limitação) diferenciar-se para produzir o tipo de célula especializada do tecido do qual se origina.
Por que é bom armazenar o sangue do cordão umbilical da criança?
Porque no cordão umbilical se encontra um grande número de células-tronco hematopoiéticas, fundamentais no transplante de medula óssea. Se houver necessidade do transplante, essas células de cordão ficam imediatamente disponíveis e não há necessidade de localizar o doador compatível e submetê-lo à retirada da medula óssea.
As células-tronco podem ajudar na terapia de quais doenças? Como os tratamentos são feitos?
Algumas doenças que seriam beneficiadas com a utilização das células tronco embrionárias são:
Câncer - para reconstrução dos tecidos;
Doenças do coração - para reposição do tecido isquêmico com células cardíacas saudáveis e para o crescimento de novos vasos;
Osteoporose - por repopular o osso com células novas e fortes;
Doença de Parkinson - para reposição das células cerebrais produtoras de dopamina;
Diabetes - para infundir o pâncreas com novas células produtoras de insulina;
Cegueira - para repor as células da retina;
Danos na medula espinhal - para reposição das células neurais da medula espinal;
Doenças renais - para repor as células, tecidos ou mesmo o rim inteiro;
Doenças hepáticas - para repor as células hepáticas ou o fígado todo;
Esclerose lateral amiotrófica - para a geração de novo tecido neural ao longo da medula espinal e corpo;
Doença de Alzheimer - células-tronco poderiam tornar-se parte da cura pela reposição e cura das células cerebrais;
Distrofia muscular - para reposição de tecido muscular e possivelmente, carregando genes que promovam a cura;
Osteoartrite - para ajudar o organismo a desenvolver nova cartilagem;
Doença auto-imune - para repopular as células do sangue e do sistema imune;
Doença pulmonar - para o crescimento de um novo tecido pulmonar.
Existem ainda alguns argumentos utilizados por cientistas para defender o uso das células tronco usando o ponto de vista ético:
Células tronco embrionárias possuem o atributo da pluripotência, o que quer dizer que são capazes de originar qualquer tipo de célula do organismo, exceto a célula da placenta.
Sabe-se que 90% dos embriões gerados em clínicas de fertilização e que são inseridos em um útero, nas melhores condições, não geram vida.
Embriões de má qualidade, que não têm potencial de gerar uma vida, mantêm a capacidade de gerar linhagens de células-tronco embrionárias e, portanto, de gerar tecidos.
A certeza de que células-tronco embrionárias humanas podem produzir células e órgãos que são geneticamente idênticos ao paciente ampliaria a lista de pacientes elegíveis para tal terapia.
É ético deixar um paciente afetado por uma doença letal morrer para preservar um embrião cujo destino é o lixo? Ao utilizar células-tronco embrionárias para regenerar tecidos de um paciente não estaríamos criando uma vida?
Os tratamentos com células tronco já são permitidos em países como:Inglaterra, Austrália, Canadá, China, Japão, Holanda, África do Sul, Alemanha e outros países da Europa.
0 comentários:
Postar um comentário